Bitcoin e os germes, ou como bancos centrais praticam flebotomia econômica

William Harvey demonstrou o mecanismo de circulação do sangue na década de 1620, demolindo o saber antigo e medieval sobre os humores do corpo.

Porém, a descoberta de Harvey não impediu que os médicos continuassem a receitar práticas esquisitas e ineficazes como flebotomias (sangrias) e cataplasmas (aplicação de um pedaço úmido de pão ou cereal no tecido inflamado).

Estes tratamentos continuaram mesmo depois de Pasteur, no século XIX, ter demonstrado que germes eram causas das doenças infecciosas.

Coloquemos as coisas em perspectiva: somente 200 anos depois que descobrimos que os germes existem foi aceito amplamente que eles também seriam causadores de doenças; demorou 30 anos entre a teoria da putrefação e o desenvolvimento da assepsia; houve uma diferença de 60 anos entre a assepsia e a terapia medicamentosa.

O século XX já demonstrou Bancos Centrais não “estimulam” a economia. Pelo contrário: ajudam a matá-la. Quando injetam liquidez no sistema imprimindo dinheiro fiduciário e gerando inflação, praticam flebotomia econômica.

Colocar mais sangue no paciente não vai fazê-lo recuperar a saúde. Alguns membros do corpo ficarão encharcados de sangue enquanto o resto adoece e apodrece.

É da natureza humana que práticas antigas e claramente prejudiciais demoram a desaparecer. Poucos querem comprometer seus empregos e suas reputações em nome da mudança.

Muitas vezes precisamos esperar que uma geração inteira morra (ou que uma guerra aconteça) para que um novo paradigma seja aceito.

Bitcoin tem pouco mais de 10 anos. Está na sua infância. Sejamos pacientes.