A pandemia do Sars-Cov-2 chegou no Brasil há mais de um ano e nos atingiu em cheio. Milhões de pessoas já se contaminaram com este vírus nefasto e centenas de milhares de brasileiros já morreram. Uma tragédia.
Nossos fundamentos econômicos, que já eram péssimos, ficaram ainda piores. Todos já sentem isso ao redor, basta olhar tantos negócios fechados, tanta gente morando na rua e os preços dos produtos explodindo nos supermercados. Não quero aqui ficar aqui jogando números, mas indico este artigo que mostra com clareza nosso pesadelo fiscal e monetário.
O Brasil, assim como a grande maioria dos países hoje em dia, é uma sociedade que ainda vive sob o regime de uma moeda estatal inflacionária - no nosso caso, o Real brasileiro. Acredito que este fato, por si só, é um dos grandes responsáveis pelo nosso alto nível de contaminação e mortes pela pandemia.
Vivemos sob um sistema monetário de incentivos perversos e que impediram nossa população de ser proteger adequadamente de uma pandemia como esta.
Gostaria de propor aqui um experimento mental e perguntar: Como reagiria nossa sociedade se, ao invés do Real, já vivêssemos sob padrão Bitcoin durante a pandemia do Sars-Cov-2?
Primeiro ponto é o seguinte. Há uma grande diferença entre uma sociedade que vive sob um padrão com moeda forte - como a maioria dos países ocidentais durante padrão-ouro entre 1870-1914 - e uma sociedade que vive sob um padrão monetário com moeda fraca - como praticamente todos os países hoje em dia.
A primeira grande diferença é o nível de poupança. Uma sociedade inflacionária é uma sociedade que declara guerra à poupança, como expliquei detalhadamente neste artigo. Se o dinheiro de hoje vale mais do que o dinheiro de amanhã, as pessoas são incentivadas a consumir e gastar seu dinheiro o mais rápido possível para que não tenham seu poder de compra diluído pela moeda governamental.
Inflação também incentiva o endividamento. Se a dívida de hoje em Real é mais cara do que a dívida de amanhã, vou comprar mais um carro com dinheiro que ainda não tenho, mas pagando em suaves e infinitas prestações. Quando os juros são derrubados artificialmente, então, é como se o governo implorasse para todo mundo se endividar e consumir.
Se tenho à minha disposição uma moeda forte, tudo é diferente. O nível de poupança das famílias é alto. A riqueza que eu acumulei por meio do trabalho está segura, preservada em uma moeda que não perde o poder de compra. O endividamento é baixo. Como não preciso consumir a qualquer custo, só acabo comprando aquilo de que eu realmente preciso.
Se o nível geral de poupança é alto, as famílias e os negócios estão mais seguros caso apareça alguma catástrofe que os impeçam de trabalhar ou funcionar. Uma das funções do dinheiro é justamente este: como eu não sei o dia de amanhã, vou manter o ativo mais líquido (o dinheiro) à minha disposição, caso eu tenha que gastar parte das minhas reservas.
Tudo isso faz com que uma sociedade que vive sob uma moeda fraca seja extremamente frágil e uma sociedade que vive sob uma moeda forte seja robusta.
A vida é cheia de imprevistos. Vivemos hoje sob uma pandemia, mas podemos viver vários tipos de catástrofes naturais e humanas nesta vida, como guerras, revoluções, terremotos ou incêndios.
Em uma situação dessa, quem está melhor preparado: Quem tem poupança ou quem tem dívida para pagar os bens inúteis que consumiu? A resposta é óbvia.
Isso nos leva à segunda equação do problema: durante uma pandemia, a atitude mais prudente que podemos ter é reduzir ao máximo nível de contato corporal até que a medicina descubra algum tratamento viável.
Em uma sociedade endividada e inflacionária, fazer isso é sinônimo de ruína financeira. Os negócios não podem fechar por uma semana sequer pois as dívidas se acumulam. As pessoas não podem parar de trabalhar um dia pois precisam pagar as contas. O governo e os bancos, vendo a quebradeira iminente, correm para dizer: temos à nossa disposição uma quantidade infinita de dinheiro para que as dívidas sejam pagas, tudo às custas da diluição do poder de compra e do maior endividamento da população. A roda gira mais uma vez, mas a inflação é maior, seu trabalho vale menos, os preços dos ativos financeiros aumentam exponencialmente e a sociedade fica mais pobre.
Bitcoin é o dinheiro mais forte já inventado. Sua oferta é indiferente aos caprichos políticos ou à situação sanitária de uma população. Quem junta Bitcoin sabe que tem à sua disposição um ativo escasso e valioso que pode ser rapidamente liquidado caso algum imprevisto aconteça. É um seguro contra a política, contra a inflação, contra o desemprego e também contra uma pandemia mortal.
Infelizmente em 2020 poucas pessoas sabiam que estava à disposição esta tecnologia monetária tão importante. Uma sociedade majoritariamente bitcoiner estaria muito mais bem preparada para este tipo de evento; muitas pessoas não teriam se contaminado e muitos negócios não teriam ido à falência se tivessem a segurança de suas poupanças em bitcoins.
O que me consola é que estamos caminhando rumo à hiperbitcoinização. Vejo ao meu redor que cada vez mais pessoas estão se educando, procurando entender melhor as vantagens de uma moeda forte inconfiscável. Muitas empresas também já estão colocando bitcoins em seus balanços. Tudo isso é ótimo e me dá esperança.
Acho que ser bitcoiner durante a pandemia é isto: ser extremamente pessimista com a economia fiduciária e estatal que está desmoronando e extremamente otimista com a sociedade bitcoiner que está surgindo.